Marcadores

Páginas

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Caranguejada em EVERGLADES CITY


Domingo, dia maravilhoso, temperatura na casa dos 20 e pouquinho, perfeito para sair de lancha, moto ou bicicleta. Péssimo dia para ficar em casa vendo televisão. Aliás, quem desperdiçou este dia desta forma, ou é “ruim da cabeca ou doente do pé”. Em última análise, deveria encontrar uma turma animada, que tire as almas vivas com seus corpos de suas casas. E nem me venha com crise, falta de dinheiro, porque esta cidade oferece opções para todos os bolsos. Os mais afortunados e que não gostam de pedalar, acelerar ou navegar, não podem perder o brunch buffet do Biltmore. Um programão para quem gosta de conciliar os desejos gastronômicos com o prazer de um ambiente requintado, aprazível e relaxante (Solicite uma mesa perto do chafariz). Outra bela opção é ir ao Fairchild Tropical Botanic Garden (semana que vem tem festival de chocolate!) e ali, naquele parque, tanto faz se seu bolso está ou não recheado. O lugar é lindo, árvores maravilhosas, lagos, pássaros diversos, criando um fundo musical de deixar qualquer maestro hipnotizado. Leve uma toalha de mesa, alguns pães de casca meio dura, um belo azeite extra virgem, queijos, pastinhas, um vinho tinto combinando com a estação (um pinot noir seria ótima opção) e parta com sua família e amigos para lá. Programa garantido para ficar na memória de todos por anos a fio. Um pic-nic de primeira!
Outra opção é pegar sua moto, casaco de couro e outros apetrechos (aproveite, está meio frio e agora é hora de usar tudo isso), encontrar seus amigos aventureiros e ir a luta. Mais precisamente, ir a Chocoloskee e Everglades City. - Nos encontramos num posto de gasolina, em frente ao Cassino dos índios Miccosukees. Não foi somente a MotoSociety, meu querido grupo, que usou este ponto de encontro. Outras dezenas de motoqueiros lá estavam. Realmente é um bom local de partida para várias opções de viagem aos pantanos. A nossa foi comer caranguejo.
O caminho, Tamiani Trail, não é difícil e é fascinante. Fora de uma realidade urbana e rural normal. Prestem bem atenção para não passarem direto. Existe uma intercessão na Higway 41( Tamiani Trail ) com Higway 29.Inicialmente pega-se uma Estrada inteira sem ver um único cartaz de Mac Donald`s ou Burger King (maravilhoso). Ao longo deste trecho, os únicos cartazes e propagandas que vemos são de lojas de artesanato, passeios de barco, e as várias villas dos índios Miccosukees.
Pois bem, durante este caminho, temos acompanhando; lagos, canais, pequenos açudes com a vegetação e animais de mangue. Este éco-sistema é formado por invertebrados, peixes de água fresca e salgada, anfíbios, répteis, mamíferos e pássaros. E é aí que está o fascínio! Numa reta com pavimentação quase perfeita e bem sinalizada, você pode se dar ao luxo de mesmo pilotando uma moto, curtir a paisagem do caminho.
Sempre fui criado com uma imagem aterrorizante de jacarés, um monstro pré-histórico capaz de reduzir a pedaços um corpo humano, frágil e indefeso, perante a mordida deste animal de rosto pouquíssimo amigável. E esta paisagem, me deixa atordoado pela quantidade de jacarésexistentes. Em todo nosso percurso eles estavam ali, ao nosso lado! No início fui contando, depois dos dois dígitos desisti de contar. Alex, o garupa prodígio, em nossa primeira parada em Chocoloskee nos fala que contou 238 da espécie.


Nesta viagem observei tudo deles, e já posso falar que conheço algo muito importante e que, possivelmente pode salvar uma vida! Pois é, quem ler esta crônica vai aprender algo realmente interessante que aprendi in loccum. Os jacarés não ficam em pedras. Ficam em pequenos gramados perto da água, no barro ou na água. As pedras são reservadas aos pássaros que ali descansam e abrem suas asas secando-as ao sol e longe do perigo destes monstros fabulosos. Portanto, caso se perca num mangue, fique nas pedras, esperando por Socorro. O pior é que havia pescadores ribeirinhos, com suas varas de pescar e teimosias, expostos ao sol. Não entendo! Por que ficam ali? Estão esperando pelos peixes, claro, e certamente por uma tragédia maior. Será que eles não pensam no perigo que estão correndo? Em breve, abrirei um jornal com a manchete que pescador foi atacado por jacaré. Óbvio, pensarei.
Mas nem só de mangues minha visão foi tomada. Ao lado esquerdo num grande trecho da estrada, vejo uma grande floresta e seus restos pretos e cinzas resultado de um incêndio monumental. Triste, e penso em nossa Amazônia. Comparo e concluo rapidamente que ali, certamente um acidente ocorreu. Diferente da outra, onde nossas autoridades muitas vezes compactua com os incêndios em nossas florestas favorecendo pecuaristas e plantadores de cana. A diferença é que aquele gigantesco espaço destruído vai se recuperar. Já o nosso não. Ficará sem as árvores gigantes para a eternidade. E a impunidade deixando espaço para outras atrocidades.
Como refletimos nestes momentos! Dizem que natação é um bom esporte pois temos tempo para pensarmos enquanto nos exercitamos. É verdade! Mas e o motociclismo então? São todos uns atletas da mente. Exercitamos nossos cérebros o tempo todo, com pensamentos, lembranças, conceitos, precoceitos, idéias, textos, crônicas já ali sendo formatadas, enfim, não deixamos nossa massa cinzenta descansar um só segundo. Fiquei agora curioso para saber o índice de mal de Alzheimer entre motoqueiros. Vou pesquisar, pois, se é necessário exercitar a mente, somos imbatíveis nisso! Uma dissonancia cognitiva para nossa falta de exercicios nos finais de semana? Talvez, mas que faz sentido, faz!
Bom, chegamos à primeira parada
Uma casa de Madeira suspensa, em frente a uma baía enorme, se tornou um museu/loja ( Smallwood`s Store ).
Uma loja que servia aos índios da região, que chegavam ao local de barco. Metade da loja virou museu, ainda com seus produtos da época, como sabonetes, fósforos, remédios, dando uma idéia do que fôra a vida e o tipo de relação índio/homem branco. Em um certo momento aquilo não foi mais vendido, talvez fruto do progresso, servindo hoje como peças do museu.
Outra pequena parte ainda é loja, mas nada para sobrevivência. Vende-se refrigerantes, livros e outras bugingangas

Saímos para o caranguejo! Enfim, este era o propósito de nossa jornada. O séquito dirige-se ao pequeno restaurante, nada daqueles maiores e conhecidos, mas um armazém, restaurante, local que eu não iria nunca se não fosse direcionado a ele por alguém.
City Seafood com suas mesas longas, em frente ao canal bem cuidado, uma pequena cozinha que serve também como balcão para os pedidos. Ao lado, patas de caranguejo.
Três tipos, pequenas, médias e grandes. Cada uma tem seu preço para o mesmo peso em pounds. Escolhi as maiores pois a verdade é que nunca tive muita aptidão em quebrar fragmentos, e retirar pedaços escorregadios de carne dentro deles. A mulher no balcão ajuda e já entrega as patas quebradas e o resto é contigo. Acertei, eram pedaços grandes de carne, apetitosos, e fáceis de retirar. O molho que acompanha aumenta o sabor e, com uma cerveja gelada, o cardápio foi perfeito. Todos com fome, juntamos duas mesas grandes e pouco se fala.
Come-se, e alguns, esperando a entrega de outros pratos com fritura, ficam a ver navios, barcos melhor dizendo, literalmente. Ali é para se comer Crab.
Pronto. Nada de camarão, milho ou outro engôdo qualquer. Vá e coma as patas deliciosas.
Fartos da comida, o Presidente me chama no canto e me oferece um charuto maravilhoso. A turma da fumaça vai pra fora do restaurante, ao lado, mais precisamente, e em frente ao galpão do armazém/restaurante. Sorte para ver o depósito onde eram guardados os caranguejos. Azar em ver a preparação do molho, feito por um senhor sem uniforme e com uma furadeira velha, fazendo o trabalho de uma batedeira.
Me atentei a conversa com os amigos e não mais olhei. Afinal, nada podia estragar aquela tarde maravilhosa entre os melhores e mais divertidos amigos que alguém pode ter.
O grupo se levanta e aos poucos vamos em direção a nossas motos. Hora de retornar. No caminho de volta, uma parada a mais no Oasis,
local com informações para os turistas e com um gramado grande onde vários jacarés deitados eram fotografados pelos curiosos. Inclusive, este foi o motivo pelo qual paramos. Fotografia para nossa coluna onde, já sabemos, temos admiradores que nos acompanham, daqui mesmo, do Brasil e de outros lugares. Quem nos encontra não nos esquece jamais. E nos acompanham, mesmo longe de casa. No retorno, ouve-se buzinas e acenos dos companheiros pegando suas diferentes estradas, que os levarão paras suas casas. O grupo assim vai se separando e se desfazendo. Entra um à direita, outro à esquerda e eu e Luigi seguimos adiante pela Calle 8. Paramos num sinal e combinamos de tomar um café. Starbucks, vamos lá! Maravilha o café, sentamos, conversamos, o papo como sempre muito agradável e, para esticar, porque não com uma garrafa de vinho acompanhado de bruschetas e um brie coberto por uma leve camada de folhas salgadas e amêndoas despedaçadas, com uma geléia de apricot de fazer qualquer um gritar! Comemos, bebemos, ouvi uma historia fascinante de um garoto nascido na Itália, criado numa casa de 19 cômodos, com suas pinturas e afrescos ameaçadores ao olhar de duas crianças, por sobre palafitas nas águas que teimam em subir a cada ano na bela cidade de Veneza. Outro charuto, ao final, conta paga ao retornar do banheiro e uma vontade de ouvir mais deste conto fabuloso.
Mais um passeio, mais uma tarde memorável. E agora, eternizada pela memória póstuma desta crônica.
Até a próxima!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Dia de Batizado

Logo em seguida da virada do ano, nosso clube foi benzer as motos com o Bispo da Archidiocese de LA HERMITA DE LA CARIDAD
Achei otimo, nada melhor que comecar 2009 com o pe direito assim. Nem me recupero de minhas ferias e jah tenho que acordar cedo para encontrar os societies num cruzamento da Calle 8 com a saida da 95. Passei direto e ouvi varios gritos, olhei, eram eles na rua anterior me aguardando. Foi o primeiro grito que eles deram no ano.
Fomos ao encontro. Desta vez a lingua oficial era o espanhol, claro, quem patrocinava tal evento era o grupo MIAMI, formado pela cubanagem Miamensse. Cumprimentos, abracos, apresentacoes e um café da terra dos Castros com um salgado(?) que nosso cubano do grupo Candido, me apresenta como delicioso quitute de queijo e ao forno, como eu queria. Pedi, comi, rejeitei, comi outro pedaco e me apaixonei. Salgado mas doce. Eu explico. Por dentro salgado, por fora doce. So hem Cuba mesmo ou aqui, numa esquina da Calle 8 qualquer.
Apito entoado, dado pelo presidente do grupo deles, e todos se dirijem as suas motos. Vamos em comboio com direito a batedor da policia fechando as ruas para passarmos direto, sem parar nos sinais. Uma verdadeira atracao pra quem estava nas ruas, olhando, admirando, sonhando. Uns nao ligam, outros assistem, e alguns gostam e admiram intensamente. O que se passa na cabeca deles eu nao sei, posso ate advinhar mas na minha, eh algo como uma reflexao. Fim do ano em familia, amigos, e na volta o encontro com a minha turma que jah comeca a fazer parte do meu finde a finde ( quase um dia a dia ). Encontro essa turma querida, cada um com uma peculiaridade definida.
No meio do caminho, o meu presidente esta ao lado. Depois de muito tempo acelerando, enfim paramos e pergunto onde fica esta Igreja jah que estamos rodando a algum tempo. Era proposital a demora? Era um desfile? Nao, Michael, jah estamos quase chegando. Eh logo ali confidencia Luigi, com um sorriso no rosto, de quem adora, de quem vive aquilo intensamente! Ok, passo a primeira e vamos em frente. Nao era logo ali mas estavamos perto realmente.
Chegamos. Fomos andando em formacao agora de uma fila. Centenas de motos jah estacionadas no lugar definido para nossas maquinas. Todos olham, alguns filmam e nao entendo por que que os motoqueiros param para ficar olhando as motos dos outros passando. Tudo bem eles gostam, vivem disso e curtem de verdade. Ok, entendi! Eu tb gosto. E dao-lhe acenos de maos como se fossemos intimos! Parece que quando estamos em cima de nossas motos, a comunidade passa a ser uma soh. Um grupo soh. Todos juntos, amigos e colegas.
Estacionamos atras da Igreja redonda. Em frente a uma bela baia. Que lugar lindo. O que fazer agora? Entramos?
Chega nossa patrulhinha com sua deputy no colo. Baiano fica feliz.
Entro na Igreja, faco o sinal da Cruz. Lembro de meus tempos de colegio, onde ir a Igreja era obrigacao semanal. Sento e me sinto bem, afinal ha muito tempo nao ia a casa de Deus na terra. Olho ao lado, vejo como as pessoas se comportam diante desta situacao. Todos respeitam, nao era para menos. No fim, todos querem se apegar a uma forca suprema que lhes protejam e de fe nos momentos ruins. Eh importante, penso. Reflito nas causas catolicas, transporto-me para meu passado, minha formacao, rezo, agradeco e peco um ano novo de paz, saude e recuperacao nas perdas do ano passado( que foram muitas ). Escuto o padre rezando em espanhol, nao entendo muito mas o pouco me conforta. Penso que poderia ir uma vez por semana a missa. Faria bem a mim e minha familia. Contribuo com duas verdinhas e ganho um calendario, tb com uma fita e saio. Logo depois um padre auxiliar vem nos benzer.


Que figura docil, simpatico. Eh sempre muito bom, lidarmos com alguem de voz calma, e palavras positivas. Chega minha hora e ele fala algumas palavras, entendi a metade mas reajo como se tivesse entendido tudo. Ele entao benze minha moto. Sinto que um escudo protetor foi colocado ali, naquele momento.
11:30H. Manha. E agora, pergutamos em coro. Agora, respondemos tb em coro, vamos tomar uma cerveja. Opcoes sao tantas que fica dificil. Alguem sugere um bar em frente a uma outra baia. Shecker`s. Fechado, vamos agora.
Novo comboio, dois grupos divididos por uma falta de informacao. Quando olho pra tras, jah na Estrada nao vejo o resto do grupo. Me incomoda isso mas sigo adiante. Saimos, entramos num posto e logo chegam o resto dos societies.
Culpados daqui e dali, nos entendemos e com sede fomos ao pote. Baiano, se levanta, pega a mto e deixa o gerente falando sozinho. Ficamos numa mesa ao lado da agua. Pessoas chegando e muitas, em suas lanchas. Local muito aprazivel. Voltarei com a familia.
Depois de papo, comidinhas e chope, fomos embora. Escoltado por Luigi e Aldo, fiquei em minha porta e eles seguiram.
Chegando pensei que nao era apenas uma daquelas pessoas da sala de jantar que ficam preocupadas em nascer e morrer. E que nosso tempo eh po de ouro. Que se coloca em uma ampulheta.
Obrigado pela bencao.
Tenho um escudo na moto e ao lado outros, tao fortes e importantes. Os meus amigos.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

TOY RUN - Um RIO de motos. Florida - Dezembro

Foi difícil me acostumar com este nome. As pessoas falavam e eu não entendia. Toy run? Não dá para entender realmente quando pêgo de surpresa.
Mas fui. Nem comprar presente sabia que era obrigatório. Soube às 7h da manhã no nosso primeiro ponto de encontro em Hallandale. O Presidente me encontrou na I-95 e fomos juntos. Parado ali, na cabeceira da pista, vi como é assustador a velocidade dos carros. Quando você está estático, os carros passam como se fossem munições disparadas em busca de um alvo. É realmente uma arma, talvez até a sua munição. Imaginei que com a moto não seria diferente, talvez até pior, pois em velocidade desenvolvida daquele jeito, a blindagem da bala é seu corpo, e aí amigo, explode tudo junto. Portanto, muito cuidado ao utilizar um veículo, qualquer um deles.
Chegamos no primeiro encontro. Com um café na mão, no posto esperando pelos colegas, aparece uma árvore de Natal móvel. Era Aldo e Claudia enfeitados até a orelha! Ri, tirei foto, e fui comprar um presente para a caridade.

Pegamos mais uma estrada e fomos encontrar o restante para o séquito que viria. Apesar de estarmos em três motos, as que surgiam ao longo do caminho, juntavam-se, nos seguindo. Foi de arrepiar a imagem que tive do meu retrovisor. A cada entrada na Estrada, motos e mais motos surgiam, nos acompanhavam ou paravam e esperavam pelos parceiros nas laterais da estrada.
No Segundo destino, Rogerio e Luciene já estavam contando o troco de sua conta quando chegamos. Já tínhamos boa parte do grupo presente e alguns já alimentados. Partimos pra cima de um café da manhã, que vou te contar. Aldo compartilhando da mesma preocupação que o cronista. Como será que vai cooperar nosso intestino daqui a pouco? Quis algo leve. Acabei num ovo benedict soberbo. Aldo atropelou o receio: Não esqueça dos bacons no meu prato, ordenou à garçonete que atrás de mim, anotava as ordens. Vixe…olhei pra ele, e parabenizei-o pela coragem, afinal ficaríamos horas e horas a fio, em cima de nossas motos.

Societes chegando, mesas ocupadas por vários grupos, alegria, risos e felicidade geral. Quem estava ali, mesmo que madrugando tinha um ideal definido. Caridade, encontro com amigos e suas motos. Num breve pensamento, enxerguei o que é esta paixão. A alegria de quem veste um colete de couro e parte para uma aventura, é corpulenta, volumosa, sinônimos que caracterizam bem seus praticantes.
O Presidente, Aldo, Claudia e eu, numa mesa. Baiano com suas mulheres chega logo, e com um detalhe em sua camisa confundido com baba de cachorro, faz a conversa derivar segredos agora então descortinados. Momento hilário. Sua chegada merece um tempo aqui. Uma de suas belas, Sarinha, tomou conta da concentração. Com sua corda toda acionada, não parava um minuto e fazia da mesa, seu play-ground enchendo de alegria a todos. Prato quebrado era parte de seu espetáculo. De resto fica aqui registrado minha total simpatia de ver uma mulher ir na concentração dos societies com sua filha linda pra o regozijo de todos.
Café tomado, vamos a formação. Motos ligadas, saímos das vagas, posamos para fotos e seguimos para o Segundo comboio. O primeiro foi pouco antes de chegarmos ao restaurante. Fomos a segunda concentração, já num gigantesco estacionamento, nos formatamos em fila unica para não nos dispersarmos.
Horas em pé e papos em dia, vejo que Donatela e Gonçalo puxam as conversas no portugues que se ouvia a cada virada de minha caminhada. Não eram somente os Societies que estavam lá. Brazucas diversos e com sotaques regionais definidos, espalhavam-se a vontade nas formações das filas.

Num palco pequeno, Elvis fazia a alegria dos saudosos e trazia a desconfianca de quem ainda acredita que o Rei está vivo. O sujeito era realmente parecido. Voz então nem se fala. Depois de fotos e conversas sobre todos assuntos possíveis, escuto o ronco dos motores. Noto ao fundo do mar de volantes, o deslocamento inicial para o tão falado desfile.




Vejo que ninguém se mexe, claro, são tantas que até chegar as nossas vai demorar ainda dezenas de minutos. Daí, vê-se a dimensão do mar de metal de duas rodas.
Chega a nossa vez, ligamos, aceleramos e saímos em fila escolar. Logo pegamos as ruas e já vimos pessoas nas calçadas, fazendo daquilo, sua atração do domingo.



Éramos o show, eles nossos espectadores. Simbiose entre artista e platéia. Todos acenam, alguns em exagero. Entramos na via expressa e minha visão assiste a um rio, uma plantação de cana de motos, onde o horizonte não se define direito.

Desta forma, vejo a dimensão de tal evento, e para cada moto, um presente e um valor em dinheiro que vai fazer muitas crianças um pouco mais felizes neste Natal. Me sinto feliz por isso. Depois de meia hora, o marasmo da reta em pouca velocidade é suficiente para atrair ao sono. Tento tudo, inclusive me divertir com a moto que estava a minha frente, com um casal que não conseguia se alinhar. A garupa, estava sentada torta e a esquerda do assento, desequilibrando o motorista que sem capacete, mostrava seu amadorismo em pilotar uma máquina que parecia uma mobilete. Pergunto ao Aldo ao meu lado que moto era? Ele avança, emparelha, reduz a velocidade e me diz que é um Sportster de 800cc. Me dou conta de como este mundo paralelo evoluiu. Oitocentas cilindradas seria a moto mais pesada e audaciosa de todos da minha cidade na época que me iniciava nas duas rodas. Hoje, aquém de minha expectativa.
Estamos juntos, troca-se de posições quando se pode acelerar um pouco mais, porém, sempre seguindo juntos.

O grupo mostra sensata preocupação com o tema união. Isso admito, foi algo que me conquistou nos Societes da moto. O lema, se vamos juntos vamos bem, é ótimo, impactante, convincente pela própria sobriedade do tema porém algo paira no ar do retorno. O retorno é algo que não deixa dúvidas. Precisa ser debatido. E muito! Afinal de contas, um passeio tão esperado, demorado e longe, nao pode ser esvaziado com tamanho rapidez pelo grupo. Por que a volta sempre dá uma volta no grupo? No final, ficam dois remanescentes a procura dos fantasmas.
Perestroica do retorno. Política que deve ser debatida com entusiasmo e perenidade em breve.
Mas a festa é boa a valer.
A começar pelo carimbo na mão, uma estrela coincidente do meu Botafogo. A festa era realmente grandiosa como exaltaram. O lugar enorme, tanto quanto sua organização. Dois palcos com shows incríveis. De Nashville a Londres, o roteiro sonoro agradava a todos os gostos. Português ouvido em abundância. Mas também, alemão, japonês, russo, italiano e por aí vai. Parece que este evento já fala várias línguas. Uma rastaqueira com seu corpo nu pintado de vermelho e branco chamava a atenção por sua desinibida atuação.
Pausa para foto, congela-se em uma postura intacta com tal cena registrada para a posteridade.
Barracas de comidas nos quatro cantos para os aventureiros. Se rodamos com coragem nossas máquinas ferozes, por que não comer um quitute preparado sem passado? Vou a um pão recheado de carne de Barbeque de porco. Presidente não quer arriscar e traça um hot-dog com uma salchisa realmente apetitosa. Meus dois olhos se separaram. Um vai para o meu sanduíche e o outro para do presidente.

Ao final do meu, vou separando minhas notas e me vejo já, em pé, escolhendo uma salsicha bem passada para o atendente, que com uma luva, segurava o pão e o dinheiro. Pedi que mudasse a luva antes de pegar um outro pão. Afinal, não queria virose nenhuma atrapalhando minha digestão.
Barriga cheia, lembramos de nossos amigos. Rádio mudo, único que atende nosso chamado é Luiz. Kd vc, pergutamos. Em casa.
Sentamos, para fazer digestão assistindo ao show de música country, genuína de Nashville.

A longa caminhada cataliza o processo digestivo. Nos entregamos a uma cadeira de massagem, afinal, teríamos uma bela jornada pela frente, em estradas rápidas com somente dois homens em suas motos desfraldando seus coletes de um emblema só.
Dois últimos sobreviventes da tropa de elite. Os outros se foram, ainda que para suas casas, a sensação é de perda. Se tivéssemos deixado o roteiro da volta no aviandalho, teríamos talvez um verdadeiro comboio do grupo, pensei acelerando.
E na solidão da motocicleta, refletimos. Pensei no que era ter vivenciado aquilo.
Questiono. Fiz caber meu sonho no dia, porque se o tempo passa, você deixa de saber o que é o feio e o bonito em sua volta. Eu vejo o bonito. E isso me dá uma alegria enorme.
Mais uma aventura de pista. Mais uma experiência. Mais um substrato para a enzima que é a paixão da moto.
Qual é o próximo passeio?
Grande abraço a todos!

Tem de tudo no Natal da TOY RUN

Tem de tudo no Natal da TOY RUN

Eu e Sandalo.

Eu e Sandalo.

Classificados

Classificados

Baiano, John e seu jacarezinho de estimacao

Baiano, John e seu jacarezinho de estimacao

Um rio de motos. Precisamente mais de 40 mil

Um rio de motos. Precisamente mais de 40 mil

Parada obrigatoria de harleiros Iron Rhino Saloon indo para Naples

Parada obrigatoria de harleiros Iron Rhino Saloon indo para Naples

Paisagem tipica de nossos passeios

Paisagem tipica de nossos passeios

Indo para Key WEST

Indo para Key WEST

Eu e Patricia em seu primeiro passeio

Eu e Patricia em seu primeiro passeio